15/09/2008

Um chamado João

Se somar tudo o que já caminhou, alcançar a África teria, assim como a Ásia e a qualquer outro ponto do globo. Mas contudo, da sua vidinha ainda não tinha saído. Estaca zero. Ficava nesse ia e vinha, do trabalho para a casa e de casa para a cama. Cançava sem sair do lugar.

Um dia porém, como todos os outros que começavam iguais, principiou diferente. Acordou como de costume e levantou como de-maneira. Ia e três-vinha da sala para o quarto, do quarto para o banheiro e janela. Tomou um gole de café amarquente e saiu.

Encontro o sol fraco e as nuvens espessas. O bom dia corriqueiro dos corre-corres do planejados e acorrentados. O bilhete de mais alguns kilometros sem sair do lugar. Era a vida.

Seu nome é João, mas bem poderia ser Antônio ou 141087. Era um nome que ninguém sabia de quem era. Era um nome.

Pediu ao passante as horas: bastante atrasado estava. Pode ver as gotas carregadas pesarem e, enfim, não evitou que ganhassem sua retina. Sim, olhava para cima, como desde de muito menino não fazia. Vestiu-se de molhado e gripado. Correu para o abrigo da árvore. Era bonita e sisuda, triste de linda.

Resolveu por de repente chuvear a mente. Nem exitou em molher os pés da cabeça. Queria mesmo era refrescar a mente.

Encontrou passeando e escondida uma semente que estava parada no lombo de uma formiga. Viu-se em volta de todas as semente, já floridas e grandes, mas que no passado eram formidas caminhantes que venciam a chuva ou o sol.


O passado veio como uma trovoada e destinou a chorar. Acompanhava tão ou mais a chuva. Cada gota, cada mólecula, cada átomo. Era outono e a chuva tinha de parar. Parou. Assim como previa no sono, naqueles breves cinco minutos seu coração também parou. Voltou a bater mas o corpo não respondeu. Foi o suficiente.

Ninguém reparou no arco-íris que se formou, mas todos repararam no ex-João.

Um pequeno vão, uma vida e um algum chamado João